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terça-feira, 7 de março de 2017


Na semana passada o Ricardo Azevedo esteve n'A Casa Tombada aos novos e aos antigos alunos da pós em Livro para a Infância para falar sobre seu percurso profissionais. "Legal", pensei. Afinal, conheço vários de seus livros por meio dos meus filhos, que vira e mexe trazem um da biblioteca da escola. Além disso, gosto de sua linguagem direta e enxuta e de como suas histórias fogem do óbvio e passeiam pela complexidade da vida... Confesso que, além dessas impressões (superficiais), eu não sabia bem o que esperar desse encontro.

Cheguei n'A Casa um pouco adiantada, então aproveitei para pedir um autógrafo para meus filhos, claro. Não sei porque, mas eu pensei que o Ricardo Azevedo fosse baixinho. Ele é bem alto e sorri um sorriso meio sério, meio tímido, mas muito franco.

Obviamente que não dá para contar aqui tudo que o que foi conversado nesse encontro que durou quase três horas! Então, conto aqui as coisas que me impactaram.

1. Antes de mais nada, confesso que eu estava passando por uma fase meio baixo-astral... Estou tão apaixonada pelas imagens que eu vinha pensando como eu seria hoje se eu tivesse cursado artes plásticas ou design. "Se", claro, é a palavra mais inútil que existe. Mas eu vinha me sentindo meio atrasada em relação às outras pessoas da minha idade, ou mais novas, que já fizeram tantas obras, já publicaram, e tudo, e eu ainda aprendendo a misturar as cores da aquarela... 

Aí o Ricardo Azevedo conta que ele, apesar de sempre ter gostado de escrever, acabou,, meio "por acaso", cursando Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da FAAP. E então ele contou algo que me fez pensar muito na minha posição hoje... Quando ele publicou seus primeiros livros infantis, na década de 1980, se sentia um pouco desconfortável quando era chamado para conversar com pedagogos e alunos, pois não se sentia "do ramo". E tive meu momento estalo na telha! Será que o que eu sinto quando estou ao lado de artistas e ilustradores é parecido com o que ele sentia quando estava ao lado de pessoas que entendiam muito de literatura e de educação infantil? Não sei se foi isso mesmo, mas assim eu entendi, o que me abriu portas e janelas na cabeça! (Depois ele foi para sua pós-graduação, quando, começou sua pesquisar sobre cultura popular, que aparece muito em sua obra)

2. Ele falou de muitas obras e autores que o nutriram desde pequeno, assim como de livros um pouco mais recentes, referências pessoais que acabam influenciando sua obra. Praticamente todas as obras estão esgotadas, eu já procurei... (lá vou eu a sebos e bibliotecas!)

Rubem Braga e Stanislaw Ponte Preta, crônicas
de Peter Bichsel, O homem que não queria saber mais nada e outras histórias
A pedagogia de democracia e liberdade postulada por John Dewey


Revistas Humboldt, uma de suas referências visuais da infância
3. Algumas das falas do Ricardo Azevedo eu tomei como conselhos. Não que tenham sido "conselhos", mas agarrei-os assim, e se servirem para vocês, aí vão (do jeito que eu anotei, não gravei...).


4. Ele mostrou um caderno incrível, cheio de recortes de jornal, com notícias e histórias engraçadas ou inusitadas. Me fez lembrar do imperdível filme Um conto Chinês, de Sebastián Borensztein (2011)!

Ricardo Azevedo e seu caderno de recortes de jornal
Referências, inspiração e generosidade pra dar e vender

2 comentários:

  1. Cada vez mais impressionada com sua dedicação,parabéns mais uma vez .

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  2. Que delícia ler sobre suas experiências, Keila. Já vou procurar assistir ao Conto Chinês.Obrigada pela generosidade de seus compartilhamentos.

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