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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


"O limitado dá forma ao ilimitado" - Pitágoras

Já deu para perceber que eu gosto de escrever, claro... Mas escrever poemas é bem diferente de "prosear"... E eu não me sinto muito capaz de escrever poemas. Mas esta semana eu quis escrever um. Só que, quando se trata de poesia, me sinto muito intimidada sozinha com todas as palavras juntas numa folha em branco. Então usei um recurso que gosto muito. "Sentei-me" com um número limitado de palavras numa página de um livro que já é meu velho conhecido. Quer dizer, brinquei de escrever usando apenas palavras que já estavam escritas numa folha de um livro, riscando as palavras que eu não usaria, ou destacando só as que eu queria. No caso, um as folhas de um velho dicionário que eu comprei há algum tempo num sebo (amo sebos).

Mas dessa vez eu quis sair do papel! Não vou fazer suspense,.. Mostro já aqui o resultado final.
detalhe do poema bordado

coração amigo da paz
com sorrisos de silencioso motivo
e de liberdade possível
Agora você me pergunta como esse texto foi parar no tecido. Não tenho a pretensão de fazer um tutorial, mas mato sua curiosidade. Tem um tipo de papel chamado freezer paper, que é um papel com uma película plástica em um dos lados. Muito comum nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil você deve achar em lojas ou sites especializados em patchwork. Mas atenção, freezer paper não é igual a papel termocolante... 
o lado brilhante do freezer paper

Coloco o tecido sobre o lado brilhante do freezer paper e passo o ferro bem quente e bem passadinho

o papel ficou aderido ao tecido cru, está vendo? 

digitalizei a imagem e deixei no tamanho exato que eu queria 

coloquei o tecido aderido no papel para imprimir. Ele tem que estar cortado no tamanho exato de entrada da impressora, e sem fiapos, para evitar enroscos

Aí é só descolar o tecido e usá-lo como quiser

para este trabalho eu bordei ao redor das palavras que escolhi para "escrever" o poema

aqui eu imprimi a esgrimista (aquarela e colagem) no tecido cru e encapei um caderno

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017


No final de 2016 tive a graça de ter a disciplina “A relação palavra e imagem” com o incrível Odilon Moraes, na pós-graduação  “O Livro para a Infância” d'A Casa Tombada. É engraçado falar a graça, mas de verdade, não consigo encontrar uma expressão melhor, foi incrível.

Impossível falar aqui sobre todos as (acho que é isso mesmo) centenas de livros que ele nos apresentou, sob o ponto de vista histórico e sempre muito afeito. Então, deixo para vocês o que foi meu breve  trabalho de final de curso (do Odilon). O objetivo era comparar dois livros ilustrados que tivessem algo em comum em no máximo duas páginas. Mas para vocês falo também de um terceiro livro, todos bem divertidos. Aí vai! 

Há um tipo de livro ilustrado muito antigo, surgido lá pelo século III, que muito fascina. O bestiário. Recentemente conheci o Animalário Universal do Professor Revillod, um livro divertidíssimo que se faz passar por um compêndio de ciência rigorosa com apontamentos sobre 4096 feras de todas as selvas do mundo. 

de Castán & Murugarren, 2016, Editora SESI-SP 
A narrativa introdutória sobre o “legado” deixado pelas incríveis “descobertas” do laureado Professor Revillod, segue o rigor de discurso das ciências, assim como os comentários para cada animal. São 44 lâminas de animais comuns, cada lâmina dividida em três. O que acontece ao folhearmos as páginas do livro separadamente, é a decomposição dos animais comuns e a possível (na verdade, inevitável!) recomposição de criaturas fantásticas e de comentários intrigantes, hilários. 


É o caso, por exemplo do “Elegafegre”, mistura de elefante (“formidável paquiderme de majestoso porte das selvas da Índia”), pulga felina (“antenado comum de picada persistente de ambientes insalubres”) e tigre (“feroz animal de belíssima estampa dos bosques malaios”).

“formidável paquiderme de picada persistente dos bosques malaios

A brincadeira com o manuseio livre das tiras pode durar horas, levando-nos a experimentar surpresa, admiração e riso. A mistura de duas ou mais palavras não é coisa nova, é claro. De autores brasileiros temos, por exemplo, "O Livro da Com-Fusão".

Imagens de "O Livro da Com-Fusão, de Ilan Brenman & Fê, 2004, Brinque-Book.
A grande diferença nesta obra é o contraponto entre o tom científico, presente tanto no texto, de vocabulário sofisticado, quanto nas imagens, que lembram ilustrações científicas do início do século XX, com o fantástico. Assim, a interação com a obra expande nossas possibilidades de leitura, assim como a experiência que se tem com o que seria, inicialmente, um livro demonstrativo com palavras. Além disso, podemos dizer que este livro vai além do gênero demonstrativo, ao apresentar o personagem, Professor Revillod, como o responsável pela coleta das formidáveis feras das selvas de todos os continentes.  

de Sirish Rao, 2012, Editora Gaia
Outro livro que apresenta um personagem principal e misturas de animais é o indiano "Como eu vejo as coisas".Entretanto, ao contrário do Animalário e de O livro da com-fusão, que não apresentam uma narrativa sequencial, aqui conta-se a história de um artista que desenha animais imaginários. As pessoas que veem sua obra o criticam por pintar animais que não existem, mas ele não se importa continua a criá-los e a dar-lhes nomes. O conflito vem quando os próprios desenhos começam a reclamar, como o crocogalo, que não conseguia deixar de girar em círculos, perseguindo a própria cauda. Ou o elefanguejo, cabeça e corpo de elefante e pernas de caranguejo, pois sua cabeça queria ficar na terra e pernas na água. Em que mundo essas criaturas poderiam ser felizes?

Crocogalo

o artista
As ilustrações de Bhajju Shyam, típicas da tribo Gonde (Índia), acompanham o texto, reforçando-o, sem expandi-lo. Na verdade, uma observação mais demorada revela que os animais não expressam seu desagrado nas ilustrações. Isso acontece porque, em realidade, na história da produção do livro, foi o texto que acompanhou os desenhos, já estavam prontos, como contou o ilustrador em uma entrevista. Tendo diversos desenhos de animais estranhos, o ilustrador gostaria de usá-las, mas não sabia como. Foi quando desenhou o artista do livro, cuja história era parecida com a sua própria. Tinha os desenhos e não sabia onde colocá-las. Ambos encontram no livro o lugar perfeito para abrigar essas criaturas únicas.


Essas  obras,são um convite à imaginação e à criatividade, textual e pictórica.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Meera

Ontem a querida Meera Hashimoto se foi... Se foi deste mundo, mas nunca sairá dos corações que ela tocou... O meu foi tocado e transformado profundamente pelo amor e pela sabedoria de Meera, querida Meera.

Me ensinou a dizer SIM à vida

Firme e suave

Aprendi a me entregar às cores, à natureza, à intuição

Me entreguei ao AMOR com confiança

GRATIDÃO profunda ao grupo que passou por transformações profundas em total conexão com Meera, 2014

 Vou me nutrindo com as lições que, felizmente, ela deixou registradas...

  


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017


Vocês se lembram que eu aproveitei a tinta que sobrou do exercício da paleta de aquarela dando umas pinceladas nuns recortes de papel de aquarela que eu já tinha? Eu usei esses cartões como base para outros trabalho bem antes do que eu imaginei que faria.

O primeiro fundo que eu trabalhei foi o azul. Foi fácil achar um gato "pronto" no desenho. Se bem que, agora, eu vejo também um belo elefante!

Fundo azul
Infelizmente eu não escaneei esses fundos, só fotografei. Por isso dá para notar uma diferença de cor entre o fundo vazio e o trabalho concluído. E também porque eu ainda não sei trabalhar a imagem digitalmente (mas vou aprender). Desenhei a carinha do gato e, como estava morrendo de vontade de usar uns recortes de revista que eu venho colecionando há alguns meses, fiz uma composição com colagem e grafite.

O mordomo e o gato, aquarela, colagem e grafite
E foi assim que eu fui compondo colagens e grafite sobre os outros fundos também. Tudo muito simples, mas o processo de pensar-sentir o fundo colorido, olhar os recortes de revista e testá-los (vários) em diferentes posições e completar com grafite não é rápido. Em média, me debrucei três horas sobre cada um.

Fundo com mix de cores


Rédeas

Fundo rosê


À espreita

Fundo cinza e rosa

Esgrimista

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017




Nada como ter aula... Amo ter aulas! E acredita que bem no primeiro encontro do nosso atelier (da Daniela Galanti) ela passou justamente um exercício de mistura de cores com aquarela! Bem depois daquela minha tentativa meio frustrada, era tudo o que eu precisava!

Fizemos o primeiro exercício deste livro, que eu não tenho, mas que parece excelente.

Anne Elsworth, Editora Evergreen  (2007)
O exercício consistiu em fazermos a mistura de cinco cores (três azuis e dois verdes) com outras sete cores (entre amarelos, vermelhos e magenta). Para cada mistura de duas cores, encontramos três tons, com misturas nas proporções 25/75 (% de cada cor), 50/50 e 75/25, com diluições desses três tons encontrados. Falando assim, parece complicado. Confesso que se eu tivesse apenas lido o livro, ficaria com várias dúvidas. Então, deixo para vocês o primeiro vídeo do blog! Não é um tutorial, só estou mostrando como eu fiz. Aposto que daqui um tempo eu vou olhar e pensar "nossa, como tive coragem de publicar isso?!", mas por enquanto é o que eu sei fazer, e estou feliz da vida!


Aqui, a tabela completa. Imagino que se eu fizer tudo de novo, as cores não serão nunca exatamente as mesmas, mas isso não tem importância. A tabela fica como uma referência para misturas de cores e, principalmente, um exercício super bacana de cores e de diluição.

Paleta de 7x5, com seis cores por mistura
Como você pode imaginar, fiz um montão de cores nesse exercício. Na maioria das vezes eu apenas limpava a paleta com um papel toalha úmido. Depois resolvi usar as cores, claro... Por que não antes? Não tinha pensado nisso antes...

Eu não sabia o que pintar, e pra ser bem sincera estava muito ansiosa para terminar a tabela de cores. Então, usei uns cartões de papel aquarela cortados no tamanho A6 e dei umas pinceladas, para testar as cores. Mais para a frente eu posso usá-los como base para desenhos em grafite ou lápis de cor ou colagens. Depois eu mostro!

Testando as cores