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sábado, 14 de janeiro de 2017

Desenho cego, pra aprender a não se levar tão à sério...

Quem nunca fez um desenho (mesmo que tenha sido quando era criança) e achou que ficou uma porcaria? E claro que quando somos adultos, nossa autocrítica é bem mais feroz... Se não tomarmos cuidado, o que seria uma prática prazerosa torna-se rapidamente fonte de tortura e de frustração.

Pois tem um tipo de desenho que me trouxe uma experiência bem libertadora: o desenho cego. Você olha um objeto ou alguém e desenha sem olhar o papel. Esse exercício é usado para treinar a sincronia entre os movimentos dos olhos e das mãos.

Pra não correr o risco de "roubar", melhor apoiar o caderno ou o bloco nas pernas e desenhar debaixo da mesa mesmo! Já deu pra imaginar o que vai sair, né! E o legal é isso, com a expectativa super baixa, a gente acaba se surpreendendo com a beleza dos desenhos soltos e desproporcionais.

Esses desenhos, abaixo, eu fiz numa sala de espera, olhando revistas. Os desenhos são rápidos, e o ideal é fazer de caneta, pra não correr o risco de querer apagar e "consertar". Neste primeiro eu consegui quase não tirar a caneta (Stabilo preta) do papel, o que ajuda muito. Mas acabei olhando para o papel para reposicionar a caneta para fazer o detalhe dos olhos, por isso vou chamá-lo de desenho "caolho".

Desenho "caolho"

Nos desenhos abaixo eu tirei a caneta do papel várias vezes. Até que o efeito do rosto ficou legal neste aqui, dando um rosto duplo, de frente e de perfil.

Desenho cego de Chrissie Hynde

Desenho cego de modelos com criações de Vivienne Westwood

Um outro jeito bem divertido de fazer desenho cego é em grupo. O desenho a seguir é resultado de um exercício no Ateliê da Daniela Galanti, com minhas colegas queridas. Foi assim: a Dani agrupou vários objetos distintos no centro de uma mesa retangular, nós nos sentamos ao redor da mesa e cada uma de nós (éramos seis) fez um desenho cego bem rápido do que estava vendo. Aí, com um comando, deixávamos nosso desenho no lugar e mudávamos de lugar, começando a fazer outro desenho cego por cima do desenho já começado da colega. Quando voltamos aos nossos lugares, cada uma se deparou com uma profusão de traços emaranhados, e partir deles deveria encontrar um desenho ou vários, mas deveria criar algo! Para algumas colegas foi bem difícil lidar com tantas interferências no desenho. A gente aprende a não se levar tão à sério...

Aqui está o resultado final do desenho cego coletivo, com meu trabalho em caneta nanquim (Micron 0,3) e lápis de cor.

Trabalho a partir de desenho cego coletivo

2 comentários:

  1. Keila, só sei te elogiar. Os textos e as imagens são cativantes.Os desenhos cegos trazem bastante semelhança com os modelos e mostram um traquejo seu em não usar os olhos como referência...parabéns!

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  2. Querida Suzeti, precisamos nos libertar do julgamento do certo e do errado e, principalmente, precisamos encontrar a beleza do imperfeito... é isso que esse exercício me mostrou e que você gostou...

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